segunda-feira, março 01, 2010

 

A Educação Através dos Tempos


Universidade do Estado da Bahia – UNEB
Campus X – Teixeira de Freitas – Depto. de Educação
Curso: História V
Disciplina: História da Educação
Docente: Profa. Cecília Maria Mourão Carvalho
Acadêmicos: Cláudia Coelho e Hermas Caiuby
19/08/2009

A EDUCAÇÃO ATRAVÉS DOS TEMPOS

PONCE, Aníbal. Educação e Luta de Classes. São Paulo: Cortez, 2007.

Uma rápida viagem pela história da educação, resumidamente, com ligeiros comentários, mas bastante atraente e esclarecedora para entendermos o caminho percorrido até os nossos dias com as diversas metodologias e técnicas.
Ponce coloca a luta de classes e a resistência dos oprimidos como um fato já registrado em comunidades de tempos remotos, “primitivas”, onde a educação era transmitida na vivência diária, informalmente e com o objetivo da sobrevivência do indivíduo. A cultura era diferenciada conforme a posição social do grupo, o que hoje não acontece, pois a aculturação é imposta pelas classes dominantes.
No capítulo segundo, ele discorre sobre a educação do homem antigo em Esparta e Atenas, onde a sociedade já estava visivelmente dividida. A preocupação na educação era em garantir os privilégios dos dominantes, fazendo crer que as desigualdades deveriam ser aceitas como uma coisa natural, não adiantando em nada rebelar-se. Hoje ainda podemos ver isso entre nós. Em Atenas o “ócio digno” era o fim e a recompensa para o nobre. O trabalho e o comércio eram desprezados.
Em Roma a escravidão, como também na Grécia, era a base da sociedade. Nas guerras pelo domínio do comércio no Mediterrâneo e, após a derrota de Cartago, Roma enriqueceu e ficou abarrotada de escravos. A conquista das Gálias, feita por Júlio César, levou mais de um milhão de escravos. Isso assegurou à classe dirigente o ócio com dignidade. O número de escravos era o dobro do de cidadãos livres e aquele que tivesse só dez escravos era considerado miserável. Os escravos mais fortes e que amedrontavam eram treinados como gladiadores para trazer diversão. Os libertos e pequenos proprietários passaram a se dedicar ao comércio e às indústrias. Aprenderam o seu ofício na casa dos seus amos, de algum outro escravo mais experiente e velho. As residências romanas de nobres foram escolas de artes e ofícios. Por exigência dessa nova classe, uma nova educação começou a ser exigida a partir do século IV a.C., pois achavam insuficiente o que era ensinado aos nobres até aquela época. Surgiu, então, como antes na Grécia, uma grande quantidade de professores para os diferentes níveis de ensino.
No capítulo IV, Ponce discorre sobre a educação do homem feudal. A servidão era, na Idade Média, o único modo de sobrevivência daqueles que não eram proprietários de terras. Os servos eram os verdadeiros trabalhadores, como antes foram os escravos. As primeiras escolas medievais foram os monastérios espalhados por todo o vasto território do velho Império Romano. Dividia-se em duas categorias a educação das escolas monásticas: a da formação de monges e a da plebe que se resumia somente aos preceitos religiosos cristãos. Nem a ler e escrever eles ensinavam.
Em seguida, o autor descreve a educação do homem burguês. Inicialmente pode-se colocar em destaque o surgimento de uma nova classe social, a burguesia, com grande influência na educação e não somente na economia. John Locke (1632-1704), um dos inspiradores dos ideais da Independência dos Estados Unidos e da Revolução Francesa, também escreveu um livro com idéias que influenciaram a educação: “Pensamentos a respeito da educação” (1693). Locke critica o ensino de disciplinas sem qualquer utilidade, como o latim para homens que vão trabalhar em oficinas. Isso em detrimento do cálculo, útil nas oficinas e escritórios. A nobreza agora estava aburguesada, precisando do cálculo para a vida e as sociedades que faziam com a burguesia para proveito dos lucros em bancos. Uma nobreza “feudal-capitalista”, como chama Ponce de maneira curiosa, comum no século XVII. Era preciso saber ler, escrever e contar. Quanto às classes “inferiores”, a instrução era oposta pela nobreza com o argumento de que “é mais difícil explorar um camponês que sabe ler do que um analfabeto”.
Finalizando, o autor traz as técnicas educacionais mais recentes e o enfoque de duas correntes: metodológica e doutrinária. A primeira baseada no respeito “à atividade livre e espontânea da criança”, abrindo-lhe um crédito de confiança ilimitado para que seja o seu próprio educador. A segunda, partindo da mesma posição da corrente metodológica, propõe que se obtenha do Estado a autonomia do ensino. “A escola é a negação de todo partido e de toda seita”.
Concluindo, esta obra de Aníbal Ponce nos faz viajar pela história da educação com interesse e atenção aos diversos tipos de pensamento ocorridos na trajetória do ser humano.

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