quarta-feira, junho 30, 2010

 

Pro Dia Nascer Feliz




Universidade do Estado da Bahia – UNEB
Campus X – Teixeira de Freitas – Depto. de Educação
Curso: História V
Disciplina: Epistemologia e Didática
Docente: Prof. Jessyluce Cardoso Reis
Acadêmico: Hermas Braga Dale Caiuby
07/09/2009

TRISTE SITUAÇÃO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL (1)

Hermas Caiuby (2)

JARDIM, João. Pro dia nascer feliz. Filme documentário. São Paulo: Tambellini Filmes, 2006.

O documentário trata da lastimável situação em que se encontra a educação brasileira, jogada no fundo do poço, sem a atenção que merece por parte das autoridades e também de muitos professores, diretores e pais de alunos.
Mostra uma série de entrevistas e depoimentos de alunos e profissionais da educação em escolas e colégios públicos do Nordeste ao Sul do País, bem como duas escolas particulares tradicionais de São Paulo e Rio de Janeiro.
Apesar das gritantes e injustas desigualdades, o filme aborda casos de alunas apaixonadas por aprender e estudar, ao ponto de uma delas, habituada a ler bons livros, produzir textos que foram rejeitados por uma professora que acreditava ter sido cópia. Enquanto isso, uma garota de classe média alta preocupa-se com o número de admiradores e namorados, ressaltando-se aí diferenças sociais de valores.
Trata-se de uma denúncia e uma advertência àqueles que podem fazer alguma coisa pela melhoria da educação dos jovens e adolescentes: homens públicos e todos os envolvidos no funcionamento do ensino. Não é necessário qualquer conhecimento prévio para entender a mensagem transmitida pelo filme.
Este documentário ganhou o prêmio especial do júri no 10º Cine-PE e foi selecionado para o Festival de Gramado 2006. João Jardim é carioca, estudou cinema na Universidade de Nova York, trabalhou com Paul Mazursky, Murilo Salles, Carlos Diegues, montou musicais para a televisão e editou e dirigiu minisséries na Rede Globo.
Pro dia nascer feliz é recomendável a todos os interessados no assunto e que , de certa maneira, sofrem a influência de seus efeitos na sociedade individualista e competitiva em que vivemos. Valeu a pena em muito assistir a esse filme e vendo em lugares diferentes do Brasil situações que vivenciamos aqui em nosso dia-a-dia de professor. Infelizmente percebemos nos exemplos focalizados, uma metodologia arcaica de ensino, ainda com o paradigma dominante da educação bancária mencionada por Paulo Freire em suas obras. Em nenhuma ocasião que eu me lembre foi verificada a prática da interdisciplinaridade. A transposição didática é baseada nos manuais e livros escolares e a mediação foi vista muito pouco. O filme contribuiu, com idéias claras e precisas, a um entendimento melhor do conteúdo da disciplina Epistemologia e Didática. Ele quer incomodar a todos diante da situação caótica da educação no país, sabendo-se que ela é essencial para o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida da população, acabando com os vergonhosos desníveis de classes que levam à revolta e à prática da violência.

1- Resenha crítica do filme documentário Pro dia nascer feliz, apresentada à disciplina Epistemologia e Didática, sob orientação da prof. Jessyluce Cardoso Reis.
2- Acadêmico do V período do curso de Licenciatura em História do campus X – UNEB, Teixeira de Freitas (BA).

 

A Bahia no Processo de Construção do Império Português


Universidade do Estado da Bahia – UNEB – Campus X
Teixeira de Freitas, 03/06/2008
História II
Disciplina: História do Brasil na Bahia dos Séculos XVI – XVIII
Professora: Liliane Maria Fernandes Cordeiro Gomes
Aluno: Hermas Braga Dale Caiuby



A Bahia no Processo de Construção do Império Português: resumo dos temas apresentados em seminários durante o primeiro semestre de 2008


“Uma gente sem religião, sem lei e sem rei. Andavam nus e comiam carne humana.” Assim foi a impressão dos europeus em seus primeiros contatos com os indígenas do Brasil.
A guerra é um costume tradicional, faz parte da cultura, da formação e do aprimoramento do caráter do indígena do sexo masculino. As mulheres têm suas atividades voltadas para a agricultura, o cultivo do solo preparado pelos homens, os quais se dedicavam à caça e à pesca.
Um relacionamento inicialmente amistoso, enquanto portugueses, holandeses, franceses, espanhóis e ingleses aqui apareciam para fazer o escambo do pau-brasil, transformou-se em guerra a partir da implantação das Capitanias Hereditárias e da monocultura da cana-de-açúcar.
O declínio no comércio de especiarias com o oriente, devido à concorrência, maior oferta e queda dos preços, fez com que Portugal voltasse seus olhos e atenção para o Brasil, na busca de uma nova fonte de lucros no comércio internacional.
A mão-de-obra necessária para o funcionamento dos engenhos deveria ser trazida para cá ou arregimentada aqui mesmo: escravos.
Os jesuítas, contrários à escravização dos indígenas, os catequizavam em aldeamentos onde eram reunidos nativos de diferentes origens e culturas. A língua falada por todos foi unificada para que houvesse maior facilidade para os ensinamentos. Os aldeamentos eram auto-suficientes, produziam tudo de que precisavam e originaram um campesinato. As construções e o planejamento seguiam padrões europeus, o modo de vida, a produção, tudo dirigido para a aculturação do índio.
A resistência indígena ocasionou um conflito com os aimorés, notáveis guerreiros, que devastaram as capitanias de Porto Seguro e Ilhéus, e ainda fizeram ousadas incursões na capitania da Bahia.
A Santidade, uma seita messiânica idealizada pelos nativos, com base no catolicismo ensinado pelos jesuítas, foi um símbolo da resistência.
Indolentes, preguiçosos, arredios, imprestáveis para o trabalho. Eram algumas das expressões utilizadas.
Quanto à escravidão do negro africano, os jesuítas eram favoráveis e consideravam até como uma possibilidade de salvação da alma pagã pela conversão.
A resistência dos escravos negros foi também de suma importância, notadamente com o surgimento de inúmeros quilombos espalhados pela colônia. Eles possuíam uma estrutura social própria, economia de policultura e estrutura militar com armas de fogo inclusive. Não permaneciam totalmente isolados pois praticavam o comércio nas vizinhanças.
Já após a independência do Brasil, a Revolta dos Malês, em Salvador, foi a mais significativa manifestação de resistência dos escravos negros, com um planejamento e organização impecáveis. Esses escravos eram muçulmanos na maioria, tinham um certo nível de instrução, sabiam ler e escrever. Isso foi um fator de grande vantagem contra colonos analfabetos. A revolta foi sufocada em conseqüência de uma delação.
A monocultura da cana-de-açúcar foi baseada no sistema denominado “plantation”: vastas áreas de terra (latifúndios), mão-de-obra escrava, produto destinado à exportação.
Pelo pacto colonial, tudo deveria seguir para Portugal ou vir de lá, entretanto, embarcações estrangeiras aportavam por aqui freqüentemente, para um comércio oculto de vários produtos.
No século XVI, os principais produtos do Brasil eram: pau-brasil, algodão e açúcar. No século XVII: açúcar, algodão, fumo e pau-brasil. No século XVIII: açúcar, fumo, algodão, madeiras, aguardente, couro e ouro.
O açúcar foi de grande relevância porque era um produto caríssimo na Europa, chamado até de Ouro Branco. Os pesados investimentos para a construção de uma usina de cana-de-açúcar eram feitos através de financiamentos de bancos holandeses. O melaço de cana era levado para a Europa, onde também os holandeses se encarregavam de refiná-lo, transformá-lo em açúcar e distribuí-lo para outros países.
Os holandeses encontravam-se em guerra contra a Espanha quando, em 1580, ocorre a União Ibérica. E todo o comércio deles com Portugal é paralisado por ordem dos espanhóis. Houve, logo depois, uma trégua de doze anos, após a qual a paralisação voltou.
Com seus interesses no Brasil ameaçados, é criada uma sociedade anônima, a Companhia das Índias Ocidentais, com o objetivo de invadir e conquistar terras do Brasil para a continuação de seus negócios com a cana-de-açúcar.
Salvador foi escolhida inicialmente e ocupada pelos holandeses da CIO. Em um ano, uma esquadra luso-espanhola, providenciada com a ajuda de fundos arrecadados entre os comerciantes e senhores de engenho, expulsa-os, com a participação indígena na derrota dos holandeses.
Outros ataques foram sofridos por Salvador, sem resultados satisfatórios. O último, em 1638, foi comandado por João Maurício de Nassau, que conquistara Pernambuco, no Nordeste e Angola, na África, e, dessa maneira, monopolizara o comércio de escravos.
A libertação de Salvador da mão dos holandeses da CIO contou, ainda, com o auxilio financeiro de uma vasta camada da população de cristãos-novos, descendentes dos judeus expulsos da Espanha em 1492 que refugiaram-se em Portugal e, em 1497, foram obrigados a se converter ao cristianismo.
Desde a instalação do tribunal da Inquisição em Portugal, a vida tornou-se insuportável para judeus, cristãos-novos e marranos, mesmo que fossem inocentes e não tivessem mais práticas do judaísmo. Essa situação fez com que eles vissem o Brasil como uma “terra prometida”, onde ocultariam sua real identidade e começariam uma vida nova.
Alcançam aqui um status superior, como mestres de açúcar, senhores de engenho, advogados, dramaturgos e até clérigos. Casam-se, os ricos com filhas de senhores de engenho. Os mais pobres com negros e índias. Participam da miscigenação.
Guardam ainda a essência de sua cultura original e ocupam uma situação particular na sociedade: dela excluído e nela vinculado. É um homem dividido. Para os judeus é cristão. Para os cristãos é judeu. E afirmam: nem judeu, nem cristão, mas “cristão-novo com a graça de Deus”.

 

Maracanã - 1969 - Seleção Brasileira



Diante de mais de 180 000 pessoas no Maracanã, Pelé marca o gol que classificou o Brasil para o Mundial do México, depois que o goleiro Aguilera não conseguiu segurar o chute de Edu (em segundo plano). Fonte: Revista "Veja".


Em 1969 fui ao Rio de Janeiro com o tio Herminhas, para assistir, no Maracanã, ao último jogo da Seleção Brasileira nas eliminatórias para a Copa do Mundo do México de 1970.
Fanático por futebol, torcedor do Santos, da geração Pelé, eu não perdia um jogo nos estádios, no rádio ou na TV.
Chegamos lá num sábado e ficamos no apartamento da prima Lílian Chambelland, que morava com sua mãe viúva. Fomos recepcionados com um chá das cinco, acompanhados por amigas delas e, mais tarde, demos um giro pela cidade (naquela época não tinha perigo).
No dia seguinte, numa Kombi dirigida por um primo e lotada de primas, rumamos ao Maracanã para o jogo contra o Paraguai.
Apertos para lá e para cá, empurra-empurra na entrada do estádio e eu, confortavelmente, acabei assistindo o jogo no colo de uma das primas (Maria Elza), muito bonita e muito mais velha que eu.
Foi recorde de público no Maracanã, o qual nunca foi superado. Talvez somente a final Brasil x Uruguai, na Copa do Mundo de 1950, teve um número tão grande. O Brasil venceu por um a zero, voltamos satisfeitos para o apartamento e, na segunda-feira, retornaríamos a São Paulo sem nenhum atropelo se não houvesse ocorrido um pequeno incidente muito engraçado.
Pouco antes do amanhecer, ainda de madrugada, eu levantei-me para beber água e olhei pela janela uma feira sendo armada na rua em frente ao prédio. E o fusquinha do meu tio no meio das barracas. Mas, com tanto sono, não o acordei e voltei a dormir.
Antes do café da manhã, ele tomava banho, tranqüilão, quando me lembrei da feira e avisei-o. Ele saiu do banheiro aos pulos, correndo para a janela. O carro estava cercado por barracas. Foi uma novela para conseguir sair de lá. Mas deu tudo certo.
Voltamos a São Paulo, felizes e contentes com a vitória do Brasil e a classificação para a Copa de 70.

terça-feira, junho 15, 2010

 

Museu da Língua Portuguesa

www.estacaodaluz.org.br


Em janeiro de 2007, na viagem que fiz a Sampa com Clarice, fomos ao Museu da Língua Portuguesa. Ele é organizado para transformar-se em um ponto de encontro com a língua, a literatura e a história. Ao invés de paredes, vozes. No lugar de obras, espaços interativos.
No coração de São Paulo, na Estação da Luz, o Museu proporciona uma viagem sensorial e subjetiva pela língua portuguesa, guiada por palavras, autores e estrelas do Brasil.
A visita é feita pelos diferentes ambientes que descrevo a seguir.

Exposição Temporária: Na ocasião, em homenagem aos 50 anos da obra de Guimarães Rosa, "Grande Sertão:Veredas". Um passeio pelas veredas de Guimarães Rosa e caminhos por aspectos do livro.

Auditório: onde é exibido um filme de dez minutos sobre a origem da linguagem e das línguas.

Praça da Língua: Salão com arquibancadas em forma de anfiteatro. Como em um planetário, efeitos visuais são projetados no forro do teto e é feita uma narração de clássicos da prosa e da poesia em sons e imagens.

Grande Galeria: É como um túnel. E um telão de 106 metros de comprimento exibe onze filmes simultaneamente.

Linha do Tempo: A história de seis mil anos da Língua Portuguesa num grande painel com textos, gravuras, mapas e vídeos.

Mapa dos Falares: Mapas animados dos falares do Brasil. Tela interativa. Ao selecionar um estado, ouve-se o jeito de falar naquele lugar.

Palavras Cruzadas: Monitores interativos para brincar com as palavras e aprender sobre sua origem. Totens dedicados às línguas africanas, indígenas, espanhol, inglês e francês.

Beco das Palavras: Diversão movimentando imagens de pedaços de palavras. Radicais, prefixos e sufixos que se misturam. Ao juntar os pedaços e formar uma palavra, a mesa vira uma tela que mostra filmes e animações sobre a origem e significado da palavra formada.

O Museu da Língua Portuguesa é um local por demais empolgante, para obrigatoriamente se visitar em São Paulo.
Principalmente para quem tem boa ventilação intelectual.

 

Os Desclassificados da História












DESCLASSIFICADOS E DESPOSSUÍDOS
Comentários sobre a pobreza na Bahia do século XIX[1]

Cláudia Coelho
Hermas Caiuby[2]

Estatísticas da Organização das Nações Unidas (ONU) informam que existem, nos dois hemisférios do mundo, 1 bilhão de mendigos e 500 milhões de pessoas no limiar da miséria absoluta. Metade da população mundial não tem acesso a água potável e 14 milhões de pessoas por ano morrem de fome.
A globalização ocorrida nos séculos XX e XXI trouxe também a globalização da pobreza. E isso não é monopólio dos países do terceiro mundo e emergentes pois os números são tanto dos países do Norte como do Sul do globo terrestre.
Nunca conseguiu-se a erradicação da pobreza no mundo. Altos e baixos ocorreram eventualmente, mas a complicação é de que trata-se de um problema cultural e estrutural vindo dos mais remotos tempos da humanidade.
Desde que foi inventada (ou descoberta) a agricultura, o ser humano passou da caça, pesca e coleta de produtos da natureza para o trabalho coletivo na lavoura apenas para subsistência. As desigualdades e injustiças apareceram a partir do momento em que começaram a ocorrer excedentes de produção e o surgimento do escambo entre comunidades diferentes. O armazenamento desses excedentes acabaram por privilegiar alguns que utilizavam-se de motivos religiosos como justificativa.
A situação progrediu mais ainda quando alguém resolveu cercar uma determinada área agrícola e afirmar que pertencia a ele e os outros aceitaram, surgindo a propriedade privada. A partir de então passamos para a exploração do trabalho pelo capital com o poder das classes dominantes em todas as civilizações da história.
Após a Revolução Industrial com suas alterações marcantes na sociedade e a urbanização desenfreada, crescia na Europa e nos Estados Unidos a noção de igualdade de direitos e a preocupação com a pobreza e medidas para saná-la. Enquanto isso, no Brasil, o sistema ainda era o escravagista, sem preocupação alguma com os desvalidos existentes. Schwartzman deduz sobre isso:
“Ninguém parece ter pensado, no Brasil do século XIX, em criar leis e instituições para ajudar aos pobres, como se tentou fazer na Inglaterra ou nos Estados Unidos. Uma possível razão foi que o Brasil não assistiu aos grandes deslocamentos, destruição de postos de trabalho e explosão populacional que acompanharam a revolução industrial na Europa, nem as grandes maciças que inundaram os Estados Unidos naqueles anos, e que acabaram sensibilizando os ricos e remediados. A pobreza brasileira no século passado não era muito diferente da pobreza dos séculos anteriores, e nossas elites tampouco eram muito distintas.”[3]

Kátia Mattoso presume que, em 1808, na Bahia existiam 118 mil negros e mulatos escravos e 144 mil negros e mulatos livres, numa população de 356 mil habitantes. Pelo censo de 1872, negros e mulatos escravos contavam 167 mil, negros e mulatos livres 830 mil, numa população de 1.380 mil habitantes. Já o senador Joaquim Floriano de Godoy pesquisou, em 1875, chegando a negros e mulatos escravos 82.957, negros e mulatos livres 376.548 e desocupados 526.528. (SCHWARTZMAN, 2004).
Conhecendo-se o que hoje ocorre, poderemos entender melhor as épocas anteriores e, por ser o nosso enfoque a Bahia do século XIX vamos notar que, em Salvador, na cidade velha, a paisagem é a mesma, o que mudou foi o espaço, como diria Milton Santos. Fraga, em sua obra, traça um mapa da mendicância e da vadiagem que continua o mesmo.
A mendicância e a vadiagem foram consequência do sistema escravagista, o qual não tinha lugar para livres e libertos. A mão de obra escrava ocupava todos os postos onde o trabalho braçal era coisa indigna. Noventa por cento da população de Salvador no século XIX vivia na indigência e afirma Lapa que:

“Não havendo na cidade a possibilidade de retirar da natureza a subsistência, tendo que se sujeitar ao mercado de trabalho a à produção artesanal e manufatureira, as leis que regem esse complexo marcado pelo escravismo, relegam o excedente da força de trabalho ao parasitismo e à dependência ou indigência, sem deixar de contemplar substanivamente a marginalidade.”[4]

A propriedade de escravos era muito facilitada. Pessoas pobres das mais diversas atividades possuíam pelo menos um. Até mendigos e mesmo escravos (LAPA, 2008).
A mendicância e a vadiagem eram exercidas por aqueles que não desejavam se sujeitar a um senhor, mesmo não sendo escravos, mas em padrões semelhantes aos de um escravo. Isso era humilhação demais para eles. Outros por falta de emprego, especialmente nos diversos momentos de crises econômicas. Estas ocorreram com muita frequência e também trouxeram carestia e fome, ocasionando rebeliões de desempregados estigmatizados como vadios.
Os pobres eram controlados e obrigados a se submeterem a um regime de disciplina ao trabalho. Deveriam seguir os preceitos morais e comportamentos convenientemente determinados pelos senhores dominantes, para que tivessem algum préstimo no sistema vigente.
Em uma sociedade eminentemente católica, apesar da confrontação por razões comportamentais, os mendigos eram tolerados. A esmola era estimulada como forma de praticar a caridade necessária para obter a salvação.
Dessa forma, os mendigos eram necessários para a sociedade. O que já não acontecia com os vadios. A diferença é que tornavam-se mendigos os idosos, doentes, cegos e deficientes físicos sem condições de trabalhar. Além de muitos espertalhões astutos usando disfarces. A maioria era de escravos abandonados pelos senhores que não queriam ter despesas médicas com eles ou porque pela idade já não produziam.
Os vadios eram pessoas produtivas mas eventualmente sem emprego, como marinheiros aguardando barcos no porto para os contratarem ou pescadores fora de época de pesca. Também havia, evidentemente, os que não queriam saber de nada mesmo.
A polícia cadastrava e controlava toda essa gente. Tratava-se de perigo para a sociedade. O número de mendigos, vadios e moleques de rua em Salvador e nas cidades do Recôncavo era assustador. Eles formavam a maioria. Uma massa de pessoas que compunham a população. Os “bem nascidos” e as “pessoas de bem” constituíam parcela mínima.
Andarilhos eram comuns, indo de cidade em cidade procurando conseguir algo para fazer. Outros realizavam serviços esporádicos ou eram vendedores autônomos que viviam na informalidade.
A repressão à vadiagem era ostensiva. Casas suspeitas eram invadidas pela Guarda Nacional e existiam cadastros de moradores em cada bairro. Eles eram considerados uma ameaça à sociedade e à ordem pública, evidentemente uma ameaça à maneira de viver que a burguesia determinava. Os vadios normalmente eram presos ou obrigados ao alistamento militar ou naval.
Inusitado é o caso de um grupo de irlandeses vindos como colonos mas que não foram bem sucedidos e perambulavam pela cidade e dormiam em qualquer lugar. Envolveram-se em várias brigas, badernas e beberragens. Presos diversas vezes já eram conhecidos dos policiais da Guarda Nacional. Aconselhados a levarem uma vida normal, responderam que não precisavam trabalhar para ter um lugar onde morar porque com o clima daqui não sentiam frio, não precisavam comprar lenha nem muita roupa. Em certa ocasião foram levados para trabalhar na lavoura, mas não se interessaram e voltaram para a vagabundagem na cidade. (FRAGA, 1996).
Os mendigos tinham na cidade da Bahia, pontos estratégicos por onde passava o maior número de pessoas e, assim, com possibilidades de maiores ganhos. As portas de igrejas eram os lugares prediletos. Em dias de festas religiosas aglomeravam-se na disputa pela caridade das esmolas daqueles que premeditavam a salvação nos céus. Nos velórios e enterros, almejavam ganhar as quantias que normalmente em testamento o falecido determinava para distribuição aos mendigos. E ainda acrescenta Fraga:

“Os mendigos buscavam preferencialmente os centros de poder eclesiástico, civil e econômico. As praças e largos centrais, em virtude da concentração de instituições religiosas e do grande afluxo de pessoas, eram os territórios da mendicância por excelência. Os espaços sagrados tornavam mais eloqüente o ato de dar esmolas.”[5]

Após a Independência, os mendigos passaram a ser encarados sob outro prisma e tratados de maneira semelhante aos vadios e vagabundos.
Uma nação que pretendia civilizar-se e igualar-se às nações européias necessitava solucionar o problema da multidão de desvalidos que viviam nas ruas.
O poder público esquivava-se de se responsabilizar por asilos para acolher os mendigos. Os que foram constituídos receberam apoio de ordens religiosas.
Com os asilos os membros da elite poderiam praticar a caridade, ficando tranqüilos em suas consciências e, ao mesmo tempo, não teriam a situação incômoda e desagradável de ver a cidade suja de mendigos pelas ruas.
Ao ingressar num asilo, o mendigo passava por uma faxina de banho, cabelos, barba, roupas. Eram fichados e assim estariam a mercê da polícia se fugissem.
Somente com autorização poderiam ter duas licenças por mês para sair.
Sempre que surgiam oportunidades eles fugiam. Preferiam a vida livre pelas ruas à disciplina rígida do asilo.
A mendicância, tanto quanto a vadiagem, passou a tomar contornos mais drásticos pelas autoridades a partir de 1850 com o fim do tráfico de escravos. O trabalho dos pobres era considerado imprescindível pelas classes dominantes e a intolerância com a ociosidade radicalizou-se. Cunha ainda reforça o seguinte:

“Os vadios violavam a ordem patriarcal, segundo a qual todo homem devia ter seu lugar, sua família, seu senhor. A vida itinerante dava ao homem livre pobre um sentimento de autonomia, que era visto como inconveniente às relações sociais e de poder existentes.”[6]

Após a Lei Áurea então, tentou-se o branqueamento da raça, juntamente com a substituição da mão de obra escrava pelos imigrantes europeus. Essa iniciativa obteve sucesso somente nas províncias do sul. Para a Bahia e outros estados do Nordeste não chegaram esses imigrantes.
O 13 de maio causou diversos dias de festas, danças, samba, beberragens e abandono total, por parte dos libertos, das lavouras e usinas de açúcar. Os senhores sentiam-se chocados. As senhoras foram obrigadas a ir para a cozinha. Como a Lei já era esperada, muitos adiantaram-se e anteciparam a distribuição de alforrias, presumindo que os escravos continuassem a trabalhar, sem abandono, por agradecimento à atitude generosa. Outros aguardaram por uma indenização que não houve.
A perseguição contra a vadiagem aumentou por pressão dos senhores que tinham a esperança de retorno dos ex-escravos ao trabalho. Entretanto nada foi possível, os libertos queriam uma vida diferente, longe do que faziam durante a escravidão. Muitos foram enviados para o alistamento militar e, como diz Fraga:

“Uma análise mais profunda desses episódios mostra que , de variadas maneiras, os libertos não apenas repeliram as tentativas senhoriais de continuar a interferir em suas vidas cotidianas, controlar seus movimentos, impor castigos e punições, ditar o ritmo de trabalho, como também se empenharam em assegurar e ampliar antigos direitos ou ganhos recém conquistados no curso das lutas contra a escravidão.”[7]

Apesar das medidas coercitivas, o número de indigentes nas ruas aumentava a cada ano demonstrando que elas não deram os resultados desejados. E nunca iriam dar certo, pois os problemas sociais existentes nunca foram sanados. Esses problemas, as injustiças, desigualdades e diferenças econômicas geravam e continuam a gerar a classe dos excluídos. Classe dos excluídos que perpetuou-se até os nossos dias.
A composição étnica de toda essa turba que habitava o Recôncavo é óbvia: negros e mestiços. Apesar de que também existiam, contudo em bem menor quantidade, alguns europeus. Desgostosos e desapontados em não terem atingido o objetivo de fazerem fortuna no Novo Mundo.
Os mendigos eram idosos, abandonados pelos senhores. Os vadios tinham condições de trabalhar, porém por razões sazonais ou por falta de interesse mesmo viviam na vagabundagem. Poderiam ainda ser jovens, meninos e meninas, sem querer ficar no sistema de se submeter a um senhorio e continuar a viver sob ordens. Ou eram abandonados, órfãos e sem família. Estes ganhavam a rua, onde praticavam arruaças, brincavam, brigavam, badernavam, roubavam e prostituiam-se.
Os meninos vadios, moleques, eram desprezados juntamente com os mendigos e prostitutas. Eram considerados elementos muito perigosos que chegavam até mesmo a enfrentar a polícia.
As residências dos “bem nascidos” tinham muros altos com cacos de vidro no topo e cachorros bravos fazendo a proteção. Pareciam prisões, comentou Gilberto Freire.(FRAGA, 1996).
Esses moleques não respeitavam ninguém. Nem o mais digno e eminente ancião, nem autoridades. Assobiavam, soltavam gracinhas e obscenidades. Jogavam pedras, ofendiam quem passava com palavrões, gritavam, batucavam. Faziam, a carvão, desenhos pornográficos nos muros. Formavam quadrilhas.
A rua para eles era o paraíso, seu domínio onde prezerozamente faziam toda sorte de travessuras e libertinagens.
Dessa forma eles protestavam contra as imposições de uma sociedade escravista que não lhes dava oportunidades por serem libertos.
Quando presos apanhavam com palmatórias, levavam chibatadas e outros castigos corporais humilhantes que os igualavam aos escravos.
Confrontos com a polícia eram constantes por ocasião de festas populares onde eles aproveitavam para escandalizar e apavorar as pessoas.
Em certa ocasião um deles foi preso e seus companheiros avançaram contra a patrulha da polícia para resgatá-lo.(FRAGA, 1996).
Podemos perguntar o por quê de tudo isso. Seria somente como forma de rebelião contra as normas impostas pelos adultos?
Não, claro que não. Isso é razão insuficiente e não determinante para todos os casos.
Temos de observar ou imaginar em nossas mentes a cidade da Bahia no século XIX com 90% da população na miséria. Os pais não tinham condições de sustentá-los e porisso muitos foram largados e abandonados ainda criancinhas.
Após crescerem esses meninos eram entregues a um mestre de ofício para aprenderem um trabalho. Em troca de disciplina rígida e obediência tinham alimentação e roupas.
Porém também os moleques é que tomavam a decisão de abandonar o lar ou o mestre de ofício. Sofriam muito, recebiam castigos corporais diuturnamente. Os órfãos ou vindos da rua eram discriminados. E Fraga enfatiza que:

“Diante do quadro de maus-tratos e exploração, a rua depressa revelava seus encantos. Na rua se podiam experimentar os prazeres da vadiação, a liberdade dos banhos nas fontes e no mar, de vagar pela cidade sem a intransigência e as obrigações impostas por pais e mestres de ofício.”[8]

Diversas instituições foram criadas para acolher órfãos e crianças abandonadas. Muitas da Igreja Católica, ocupando uma lacuna deixada pelo poder público.
Mais tarde somente é que as autoridades vieram a se preocupar com o problema dos meninos de rua (termo usado hoje por nós), com patrulhas para arrebanhá-los e entregá-los a navios da marinha como grumetes (aprendizes de marinheiros) ou a mestres de ofício que conseguissem dominá-los.
Pela carreira militar pairava um horror muito grande. Os castigos corporais eram intensos. Os grumetes sofriam torturas diariamente.
E com os mestres de ofício eram virtualmente tratados como escravos.
Na Escola Agrícola da Bahia foram enviados outros, pois lá havia um asilo para órfãos e meninos pobres.
Entretanto essas medidas não foram suficientes. A cidade da Bahia tornava-se a cada dia mais infestada e invadida por esses moleques peraltas, o que demonstrou que o poder público fracassou.
E isso continua até os nossos dias.
Uma caminhada pelo Centro Histórico de Salvador, o Pelourinho, demonstra isso. Apesar de ONGs e instituições voltadas à assistência ao menor carente como existe no grupo Olodum, esses meninos não têm o que fazer quando saem dessas suas atividades. Não existe perspectiva de emprego rápido para eles. E, assim, vemos hoje a mesma paisagem do passado num espaço modificado: os nossos meninos de rua, antes chamados de meninos vadios, moleques e peraltas.
Visitando Salvador hoje, na primeira década do século XXI, voltamos ao início deste artigo para afirmar, como Milton Santos: a paisagem é a mesma, o que mudou foi o espaço. E poderíamos acrescentar ainda: as personagens também são as mesmas, o que mudaram foram os atores.

Observações

1- Pobreza para entretenimento: diversos autores têm obras que enfocam o assunto em literatura de ficção, poesia e teatro; damos um destaque muito especial a Jorge Amado e relacionamos Manoel Antônio de Almeida, Lima Barreto, Aluísio de Azevedo e Machado de Assis, dentre muitos outros.

2- Pesquisa - Tanto Fraga como Lapa sugerem a quem se interessar por pesquisas sobre o assunto, as seguintes fontes:
Literatura dos viajantes estrangeiros
Registros nos arquivos da Igreja Católica
Instituições Pias e de caridade
Santas Casas de Misericórdia
Crônica policial dos jornais da época
Documentação do Poder Judiciário
Leis das Câmaras Municipais
Cartórios
Creches, orfanatos, asilos e albergues.

Referências

Cunha, Eneida Leal. Cenas e Cenários da Cidade Negra. http://www.letras.puc-rio.br/Catedra/Revista/3%20Sem_12.html Acesso em 2/3/2009, 10:23 h.

Fraga Filho, Walter. Mendigos, Moleques e Vadios na Bahia do Século XIX. São Paulo/Salvador: Hucitec/EDUFBA, 1996.

Fraga Filho, Walter. Encruzilhadas da Liberdade. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2006.

Lapa, José Roberto do Amaral. Os Excluídos: contribuição a história da pobreza no Brasil (1850-1930). São Paulo: EDUSP, 2008.

Schwartzman, Simon. As causas da Pobreza. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 2004.
Notas

[1] Artigo apresentado à disciplina História do Brasil (século XIX), sob orientação da docente profa. Liliane Maria Fernandes Cordeiro Gomes.
[2] Alunos de Graduação em História do Departamento de Educação – Campus X/UNEB, Teixeira de Freitas, Bahia.
[3] Schwartzman, As Causas da Pobreza, cap. 2.
[4] Lapa, Os Excluídos, p. 24.
[5] Fraga, Mendigos, Moleques e Vadios, p. 54.
[6] Cunha, Cenas e Cenários da Cidade Negra, p. 2.
[7] Fraga, Encruzilhadas da Liberdade, p. 165.
[8] Fraga, Mendigos, Moleques e Vadios, p. 124.


 

RELAÇÕES DE PODER NO UNIVERSO SÓCIO-CULTURAL DA ERA VARGAS (1930-1945)






Universidade do Estado da Bahia – UNEB
Campus X – Teixeira de Freitas – Depto. de Educação
Curso: História V
Disciplina: História do Brasil (século XX)
Docente: Profa. Liliane Maria Fernandes Cordeiro Gomes
Acadêmico: Cláudia Coelho, Elane Carvalho, Elizabete Saldanha, Elizama Lima, Elizama Costa, Hermas Caiuby, Janaína Rios, Joelma Carvalho, Tácio Brito.
20/08/2009

RELAÇÕES DE PODER NO UNIVERSO SÓCIO-CULTURAL DA ERA VARGAS (1930-1945)

Como deveria ser o Brasil moderno? Esta pergunta mostrava uma preocupação generalizada (de políticos, militares, empresários, trabalhadores, médicos, educadores e, também, de artistas e intelectuais) com a identidade do país, na década de 1920. Procurou-se uma colocação dentro dos padrões internacionais através da literatura, das artes plásticas, da música, tendo como ponto de partida a Semana de Arte Moderna de 1922. Mas, além disso, surgiram propostas para reformas na organização social e nas instituições, começando pela Constituição de 1891.
A entrada do Brasil na modernidade foi parte de um processo complexo em que se entrecruzaram dinâmicas diferentes. Nas primeiras décadas do século XX aceleraram-se a industrialização, a urbanização, o crescimento do proletariado e do empresariado. De outro lado, permaneceram a tradição colonialista, os latifúndios, o sistema oligárquico e o desenvolvimento desigual das regiões. De toda forma, com a expansão dos centros urbanos, modificaram-se os valores da cultura cotidiana e os próprios padrões da comunicação social. As idéias de simultaneidade, concisão, fragmentação, velocidade e arrojo passaram a expressar os tempos modernos. As Kodaks, o cinema e as revistas ilustradas captavam um mundo feito de imagens. Era inevitável que a arte expressasse as transformações trazidas pela modernidade. Mas, no Brasil, outros problemas também preocupavam artistas e intelectuais. "Nós não nos conhecemos uns aos outros dentro do nosso próprio país." A frase, do escritor carioca Lima Barreto, caracteriza bem o espírito da década de 1920. Era um tempo de indagações e descobertas. A tarefa que se impunha era a de construir a nação, e isso significava também repensar a cultura, recuperar as tradições, costumes e etnias que haviam permanecido praticamente ignorados pelas elites. A questão da identidade nacional estava agora em primeiro plano: que cara tem o Brasil? Artistas e intelectuais buscaram responder a essa pergunta, e esse esforço foi uma característica importante do modernismo brasileiro. Isso não quer dizer que o modernismo tenha sido um movimento homogêneo. Ao contrário: produziu imagens e reflexões sobre a nacionalidade profundamente contrastantes entre si.
A Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo no ano de 1922, representou uma verdadeira "teatralização" da modernidade. Mas o movimento modernista não se resumiu à Semana. Na verdade começou antes de 1922 e se prolongou pela década de 1930. Tampouco se restringiu a São Paulo. Houve também uma modernidade carioca, e a proliferação de revistas e manifestos por todo o país indica que o raio de ação do movimento foi maior do que se supõe.
Assim como a Exposição Universal do Rio de Janeiro de 1922, a Semana de Arte Moderna fazia parte da agenda oficial comemorativa do Centenário da Independência. O evento teve grande impacto na época, pois formalizou e discutiu questões que já se estavam esboçando na vida cultural. Por exemplo: como integrar tradição e modernidade? regional e universal? popular e erudito?
Mário de Andrade defendia a perspectiva de integração dinâmica do passado ao presente. No "Prefácio interessantíssimo" de seu livro de poemas Paulicéia desvairada (1922), definia o passado como "lição para meditar não para reproduzir". A tradição em si não tinha valor, a não ser que estabelecesse um elo vivo com a atualidade. Era esse o sentido dos estudos folclóricos a que se dedicou. Seu célebre livro Macunaíma (1928) mostra um herói que nasce índio, torna-se negro e no final é branco. O herói Macunaíma sobrevoa o Brasil nas asas de um pássaro. O que importava era destacar a nossa multiplicidade étnico-cultural, vislumbrar o conjunto da nacionalidade.
Outro autor modernista de renome, Oswald de Andrade, propunha no "Manifesto pau-brasil" (1924) uma síntese capaz de unir o "lado doutor" da nossa cultura ao lado popular. Já no "Manifesto antropofágico"(1928), sugeria um projeto de reconstrução da cultura nacional. Metaforicamente, deveríamos devorar e absorver de maneira crítica as influências do "inimigo" externo. As idéias do futurismo, do dadaísmo e do surrealismo poderiam ser integradas à nossa cultura desde que fossem reelaboradas. No quadro de Tarsila do Amaral intitulado "Abaporu" - que significa "o homem que come" - está expressa plasticamente a idéia da integração cultural.
O grupo dos verde-amarelos, por sua vez, tinha idéias bastante diferentes: propunha um "retorno ao passado", considerado como o depositário das nossas verdadeiras tradições. Via no popular, com sua índole pacífica, a alma da nacionalidade, a ser guiada pelas elites político-intelectuais do país. No manifesto "Nhengaçu verde-amarelo" (1929), defendia as fronteiras nacionais contra as influências culturais estrangeiras. Nesse ponto o grupo reforçava a tese do nacionalismo militarista de Olavo Bilac, fundador da Liga de Defesa Nacional e criador da figura do "poeta-soldado". As idéias dos verde-amarelos seriam mais tarde incorporadas pelo regime autoritário do Estado Novo (1937-1945).
Entre os intelectuais dos anos 20 cujas análises visavam à definição de novos rumos para o país, incluíam-se Oliveira Viana, Gilberto Amado, Pontes de Miranda. Eles escreveram ensaios que foram publicados em 1924 em uma coletânea organizada por Vicente Licínio Cardoso, chamada À margem da história da República. Na base de seu ideário estava o pensamento do político e escritor fluminense Alberto Torres.
Um dos nossos maiores problemas, na opinião desses pensadores, era a debilidade do governo federal. A Constituição de 1891 estava a seu ver ultrapassada, e isso por dois motivos principais: possuía inspiração externa e assegurava grande poder aos estados em detrimento do poder central. Urgia que o país construísse seu próprio modelo e criasse instituições adequadas à realidade nacional.
Após a Revolução de 1930, o Estado lançou as bases de uma política cultural que teve como marco inicial a criação do Ministério da Educação e se desdobrou na formação de diversos outros órgãos. Intelectuais das mais diversas formações e correntes de pensamento, como modernistas, positivistas, integralistas, católicos e socialistas participaram desse entrelaçamento entre cultura e política que caracterizou os anos 30, ocupando cargos-chaves na burocracia do Estado. Apresentando-se como uma elite capaz de "salvar" o país, os intelectuais reinterpretaram o passado, buscaram captar a realidade brasileira e construíram vários retratos do Brasil.
A ideologia revolucionária formulada nos primeiros anos da Era Vargas veio revelar fortes pontos de contato com as propostas antiliberais desde então defendidas por intelectuais como Oliveira Viana, Azevedo Amaral e Francisco Campos, que se tornou o primeiro ministro da Educação.
Para esses autores, os principais responsáveis pela crise brasileira eram as oligarquias rurais que se haviam apoderado do Estado graças às deficiências do modelo de governo liberal-federalista introduzido pela Constituição de 1891, incapaz de resolver os problemas nacionais. A experiência liberal, não só brasileira, mas mundial, esgotara-se, e com ela instrumentos clássicos como os partidos políticos e o Congresso. Caberia ao governo central tomar as rédeas do poder e ditar as diretrizes do desenvolvimento brasileiro. Essas idéias eram compartilhadas pelas lideranças tenentistas, que no início do Governo Provisório ocupavam cargos estratégicos nos estados e na administração central.
Mas Vargas não se cercou apenas de "tenentes". Sua política cultural envolveu a nomeação de intelectuais para postos de destaque e a criação de diversos órgãos capazes de atraí-los para junto do governo. Assim, em 1930, o arquiteto Lúcio Costa foi indicado para a direção da Escola Nacional de Belas Artes. Manuel Bandeira foi convidado, em 1931, para presidir do Salão Nacional de Belas Artes. Em 1932, o escritor José Américo de Almeida assumiu a pasta da Viação e Obras Públicas. Gustavo Capanema foi nomeado em 1934 ministro da Educação e Saúde Pública, e convidou o poeta Carlos Drummond de Andrade para chefiar seu gabinete. Mário de Andrade iria assumir, em 1935, a direção do Departamento de Cultura da Municipalidade de São Paulo. Foi ele quem indicou, juntamente com Manuel Bandeira, o nome de Rodrigo Melo Franco Andrade para organizar e dirigir o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, principal instituição de proteção dos bens culturais do país que seria criada logo após o golpe do Estado Novo.
O governo Vargas também tinha um grande projeto universitário. As primeiras iniciativas nessa área, contudo, não couberam ao governo federal: foram a Universidade de São Paulo, criada em 1934 por Armando Sales, e a Universidade do Distrito Federal, criada em 1935 por Pedro Ernesto. Data somente de julho de 1937 a lei de criação da Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro.
A participação dos intelectuais na vida nacional respaldava-se na crença de que eles eram uma elite capaz de "salvar" o país, pois estavam sintonizados com as novas tendências do mundo e atentos às diversas manifestações da cultura popular. Os artistas e intelectuais tratavam em suas obras das questões sociais que estavam na ordem do dia e participavam do debate político-ideológico entre a direita e a esquerda que mobilizava o mundo. Nos livros publicados por uma indústria editorial em expansão, aprofundava-se a temática da cultura negra, indígena e caipira. Através da literatura proletária e do romance regionalista fazia-se a crítica dos valores da sociedade patriarcal e oligárquica identificados com o tempo passado. Interessava agora retratar a vida do homem comum das cidades e dos sertões.
Em 1933, Gilberto Freyre publicou Casa Grande e Senzala, obra que modificava o enfoque da questão das raças formadoras do país e fazia a defesa da colonização portuguesa, expressa na idéia da democracia racial. Caio Prado Jr. escreveu Evolução política do Brasil, livro de orientação marxista que enfatizava a participação das camadas populares na história nacional. Em 1936, Sérgio Buarque de Holanda publicou Raízes do Brasil. Nessa obra o autor se contrapunha a Gilberto Freire ao ressaltar a necessidade de o país superar as raízes culturais portuguesas como condição para entrar na modernidade.
Na década de 1930 houve um debate intelectual e político sobre que matriz regional expressaria melhor a nacionalidade. Além da sociedade nordestina retratada por Gilberto Freyre, tinha-se nos textos de Cassiano Ricardo a defesa da sociedade bandeirante como modelo para a democracia brasileira. Alceu Amoroso Lima, por sua vez, apontava na sociedade mineira traços do espírito de família e de religiosidade que seriam os verdadeiros valores da civilização brasileira.
Após a Revolução de 1930 observou-se uma tendência de diversificação cultural e, ao mesmo tempo, de integração política nacional, que permitiu realizar aspirações já formuladas nos anos 20. A cultura se beneficiou das mudanças na educação, na literatura e nos estudos brasileiros, assim como da melhoria da qualidade do livro e do crescimento do mercado editorial.
Com o auxílio do Ministério da Educação e do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), o regime autoritário do Estado Novo articulou uma dupla estratégia de atuação na área cultural, voltada tanto para as elites intelectuais como para as camadas populares. Ao mesmo tempo em que incentivava a pesquisa e a reflexão conduzidas pelos intelectuais reunidos no ministério chefiado por Gustavo Capanema, o governo estabelecia, via DIP, uma rígida política de vigilância em relação às manifestações da cultura popular. A propaganda do regime foi facilitada pelo controle dos mais variados meios de comunicação, e seus instrumentos principais foram o rádio e a imprensa.
Nomeado ministro da Educação no início do governo constitucional de Getúlio Vargas, em 1934, Gustavo Capanema manteve-se à frente do ministério durante todo o Estado Novo. Manteve igualmente o grupo de intelectuais que o assessorava, do qual faziam parte Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade, Rodrigo Melo Franco de Andrade e outros. Os projetos que vinham sendo desenvolvidos tiveram continuidade, o que resultou na implantação definitiva de órgãos como a Universidade do Brasil, o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e o Instituto Nacional do Livro. Também foi consumada a reforma do ensino secundário e foi estimulado o ensino profissionalizante, que permitiria a criação do Senai e do Senac. A afirmação dos princípios católicos na condução do ensino superior se faria com a abertura das Faculdades Católicas, que daria origem à criação da Pontifícia Universidade Católica. Modernizar a educação, incentivar a pesquisa e preservar as raízes culturais brasileiras foram metas almejadas pelos intelectuais que cercavam o ministro Capanema, mas essas metas nem sempre foram alcançadas, pois muitas vezes esbarravam nos procedimentos centralizadores e burocráticos do regime.
No DIP, sob a liderança de Lourival Fontes, iriam reunir-se os remanescentes do modernismo conservador representado pela corrente dos verde-amarelos. Foi esse grupo que traçou efetivamente as linhas mestras da política cultural do governo voltada para as camadas populares. Uma das metas fundamentais do projeto autoritário era obter o controle dos meios de comunicação, garantindo assim, tanto quanto possível, a homogeneidade cultural. A ideologia do regime era transmitida através das cartilhas infanto-juvenis e dos jornais nacionais, passando também pelo teatro, a música, o cinema, e marcando presença nos carnavais, festas cívicas e populares.
Em 1940, a Rádio Nacional foi encampada pelo governo. Logo em seguida, foi a vez dos jornais A Manhã e A Noite. O jornal A Manhã, sob a direção de Cassiano Ricardo, e a revista Cultura Política, sob a direção de Almir de Andrade, tornaram-se os porta-vozes do regime. Ambas as publicações contavam com a colaboração de intelectuais das mais diversas correntes. Já a revista Ciência Política reunia intelectuais de pouca projeção, voltando-se basicamente para a doutrinação das camadas populares. Buscava-se construir a imagem de uma verdadeira simbiose entre o governo e os intelectuais. Ao assumir sua cadeira na Academia Brasileira de Letras, em 1943, Vargas estaria simbolicamente corporificando essa comunhão de interesses. O curioso disso tudo é que, se a imprensa foi uma peça fundamental na definição e na difusão da ideologia do Estado Novo, seria também através dela que a imagem do regime começaria a ruir.
Seguramente o rádio foi um dos veículos de maior eficiência na difusão do projeto político-pedagógico estadonovista. A Rádio Nacional contava com expressiva verba oficial para manter o melhor elenco da época, incluindo músicos, cantores, radio atores, humoristas e técnicos. Em seus programas transmitiam-se os padrões de comportamento e valores desejáveis. Buscando monopolizar a audiência popular, o governo instituiu concursos musicais em que a opinião pública elegia seus astros favoritos. A apuração era feita no DIP, e o resultado era transmitido durante o programa "Hora do Brasil". Em agosto de 1941, foi criado o "Repórter Esso", jornal radiofônico inspirado no modelo norte-americano com notícias procedentes da United Press International (UPI). A Rádio Mauá, diretamente ligada ao Ministério do Trabalho, e autodenominando-se "a emissora do trabalho", popularizava a imagem de Vargas.
Com o objetivo de incentivar as manifestações cívicas, o governo deu apoio ao projeto orfeônico de Villa-Lobos. As apresentações de canto orfeônico eram comuns durante as grandes concentrações populares no estádio do Vasco da Gama. O povo era considerado uma espécie de matéria bruta a ser elaborada pelo saber das elites. Baseado nesse raciocínio, o governo justificava seu controle e fiscalização sobre as mais diversas expressões culturais. Até mesmo a linguagem popular era alvo desse tipo de controle.
Foi durante o Estado Novo que surgiu o chamado "samba da legitimidade", em que se buscava converter a figura do malandro na figura exemplar do operário de fábrica. O DIP incentivava os compositores a exaltar o trabalho e abandonar a boemia. Também através do samba se ensinava a repudiar o comunismo como ameaça à nacionalidade ("Glória ao Brasil", 1938). Procurando construir uma imagem positiva do governo junto aos artistas, em 1939 Vargas criou o "dia da Música Popular Brasileira".
Com construções arquitetônicas sólidas como o Ministério da Guerra e a estação da Central do Brasil, procurava-se demonstrar a força e pujança do regime. Mas também se ousava nos pilotis e nos painéis do edifício-sede do Ministério da Educação. Foi essa combinação entre conservadorismo e arrojo a marca do Estado Novo na área cultural.
Nas artes plásticas, “grã-finos” e proletários consagraram o modernismo, com a fundação de clubes de vanguarda que contaram com a participação de nomes como Lasar Segall (judeu russo radicado em São Paulo), Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Cândido Portinari. Em 1932, na Bahia, o artista José Guimarães promoveu a primeira exposição de pintura moderna de Salvador. Nos anos 40, ficariam famosos nomes como o do baiano Mário Cravo Júnior e os dos pernambucanos Lula Cardoso Aires e Augusto Rodrigues. Em 1938, a revolução artística chega ao Rio Grande do Sul, deflagrada por Carlos Scliar. Em Fortaleza surgem, em 1941, Antônio Bandeira e Aldemir Martins. Em Minas irão se destacar Lígia Clark e Mary Vieira.
E assim, intelectuais e artistas construíram vários retratos do Brasil para a reorganização da sociedade, em um Brasil novo, um Brasil Moderno, fazendo parte do contexto mundial.


REFERÊNCIAS

FGV-CPDOC. Escola de Ciências Sociais e História da Fundação Getúlio Vargas. Desenvolvido pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Disponível em: , s.d. Acesso em 16 ago. 2009.

MARTINS, Simone R.; IMBROISI, Margaret H. História da Arte. Disponível em: , s.d. Acesso em 16 ago. 2009.

 

O Cristo Redentor





Séc. XVI- Os portugueses dão ao morro o nome de Pináculo (ou Pico) da Tentação, em alusão a um monte bíblico.
Séc. XVII- O morro é rebatizado como Corcovado, nome derivado de sua forma, que lembra uma corcova ou corcunda.
1824- D. Pedro I lidera pessoalmente a primeira expedição oficial ao Corcovado, que resulta na abertura de um caminho de acesso ao cume.
1859- Ao chegar ao Rio de Janeiro, o padre lazarista Pedro Maria Boss encanta-se com a beleza do Corcovado e sugere à princesa Isabel a edificação de um monumento religioso no local.
1882- D. Pedro II concede aos engenheiros João Teixeira Soares e Francisco Pereira Passos a permissão para construírem e explorarem a Estrada de Ferro do Corcovado.
1884- É inaugurado o trecho entre o Cosme Velho e as Paineiras da Estrada de Ferro do Corcovado, com a presença da família imperial. Na mesma ocasião, inaugura-se o Hotel das Paineiras.
1885- É inaugurado o trecho entre as Paineiras e o Corcovado, completando assim a extensão total da Estrada de Ferro, com 3.800 metros.
Início da década de 1910 A companhia The Rio de Janeiro Tramway, Light and Power - conhecida como Light - concessionária da Estrada de Ferro do Corcovado desde 1906, transforma-a na primeira ferrovia do Brasil a ser eletrificada.
1921- A idéia da construção do monumento ao Cristo Redentor surge para marcar a comemoração do Centenário da Independência do Brasil no ano seguinte. Reúne-se no Círculo Católico a primeira assembléia destinada a discutir o projeto e o local para a edificação do monumento. Disputam o Corcovado, o Pão de Açúcar e o Morro de Santo Antônio. Vence a opção pelo Corcovado, o maior dos pedestais.
1922- Um abaixo-assinado com mais de 20 mil nomes solicita ao presidente Epitácio Pessoa permissão para a edificação da estátua. A pedra fundamental da construção do monumento no morro do Corcovado é lançada no dia 4 de abril de 1922.
1923- É realizado o concurso de projetos para a construção do monumento ao Cristo Redentor. O projeto escolhido é o do engenheiro Heitor da Silva Costa. Em setembro é organizada a Semana do Monumento, uma campanha nacional para arrecadação de fundos para as obras.
1926- São iniciadas as obras de edificação do monumento.
1931- A estátua do Cristo Redentor é inaugurada no dia 12 de outubro. O desenho final do monumento é de autoria do artista plástico Carlos Oswald e a execução da escultura é responsabilidade do estatuário francês Paul Landowski. O monumento ao Cristo Redentor no morro do Corcovado torna-se a maior escultura art déco do mundo. O evento de inauguração tem a presença do cardeal dom Sebastião Leme, do chefe do Governo Provisório, Getúlio Vargas, e de todo o seu ministério.
Por iniciativa do jornalista Assis Chateaubriand, o cientista italiano Guglielmo Marconi foi convidado a inaugurar a iluminação do monumento, a partir de seu iate Electra, fundeado na baía de Nápoles. Emitido do iate, o sinal elétrico seria captado por uma estação receptora instalada em Dorchester, na Inglaterra, e retransmitido para uma antena em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, de onde seriam acesas as luzes do Corcovado. No entanto, o mau tempo no dia prejudicou a transmissão e o monumento foi iluminado diretamente do Rio de Janeiro.
Em 21 de outubro, sob a orientação do cardeal dom Sebastião Leme, foi criada a Ordem Arquidiocesana do Cristo Redentor, em substituição à Comissão Organizadora do Monumento, tendo por objetivo administrá-lo e conservá-lo.
1932- Por iniciativa do jornal O Globo, a iluminação definitiva substitui o sistema de luz provisório instalado desde a inauguração.
1934- A União transfere o domínio da área de 477m2 situada no alto do Corcovado à Ordem Arquidiocesana do Cristo Redentor.
1960- Por decreto do então cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, dom Jaime de Barros, a Ordem Arquidiocesana do Cristo Redentor é extinta e substituída pela Mitra Arquiepiscopal do Rio de Janeiro.
1973- O monumento do Cristo Redentor é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN).
1980- Recuperação do monumento por ocasião da visita do papa João Paulo II.
1990- O monumento do Cristo Redentor é tombado pelo município do Rio de Janeiro. Um convênio entre a Rede Globo de Televisão, a Shell do Brasil, a Mitra Arquiepiscopal do Rio de Janeiro, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) e a Prefeitura do Rio de Janeiro promove uma ampla reforma no monumento. O Ibama assume as atividades de vigilância, limpeza e conservação da estátua e seu entorno. O direito de uso da imagem do Cristo Redentor mantém-se sob a exclusividade da Mitra Arquiepiscopal do Rio de Janeiro.
2000- É iniciado o Projeto Cristo Redentor, com as seguintes ações: recuperação do monumento, com a instalação de proteção catódica, nova iluminação, criação de sinalização histórica e turística, uma parceria entre a Fundação Roberto Marinho, Banco Real ABN AMRO Bank, Ibama, Arquidiocese e Prefeitura da Cidade.
2001- A Gerdau S.A integrou-se ao Projeto Cristo Redentor para as obras de ampliação da plataforma do trem, melhoria de infra-estrutura e implantação de elevadores, passarelas metálicas e escadas rolantes.
2002- Durante este ano foram realizadas as principais etapas das obras civis do Projeto.
2003- Com a conclusão das obras do projeto, o acesso ao mirante é facilitado, contribuindo para aumentar o número de visitantes a este importante ponto turístico da cidade.

Projeto Cristo Redentor. Disponível em: http://www.corcovado.org.br, s.d. Acesso em 27 ago. 2009.

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