quinta-feira, maio 18, 2006

 

Buranhém

Posted by Picasa Em 19 de outubro de 1992, eu tomava posse na agência de Guaratinga (Bahia), após passar cinco anos em Sto. Antônio do Jacinto (Minas Gerais). A distância entre as duas cidades é de 62 km. A divisa entre os dois estados é quase dentro da zona urbana de Sto. Antônio do Jacinto.Durante dois meses, a Sirlene e meus filhos ficaram lá, aguardando terminarem as aulas, para depois, então, ser feita a mudança definitiva.Em Guaratinga eu passei esses dois meses em uma pousada em frente ao Banco e, nos fins de semana ia visitá-los em Sto. Antônio.Nos cinco anos em que morei em Sto. Antônio, nunca viajei de ônibus pela estrada da Bahia. Uma estrada muito ruim, de terra, em que se demorava quase três horas para percorrer os 62 km até Guaratinga, onde começava o asfalto que levava à BR-101, Eunápolis e Porto Seguro.Sempre percorri esse trajeto de carro (carona, emprestado ou fretado). Mas, num daqueles fins de semana, resolvi economizar e ir, numa sexta-feira, de ônibus para Sto. Antônio.A tarde estava ensolarada e a perspectiva era de uma viagem tranqüila, com os inconvenientes, é claro, dos buracos, da poeira e do calor. Mas isso era normal, mesmo de carro.Para surpresa de todos os passageiros, em São João do Sul começou a chover. E, mais adiante, em Buranhém, passou a ser mais forte. O ônibus derrapou em umas duas ladeiras.Naquele lugarejo paramos e o motorista não queria prosseguir. Era perigoso demais e a responsabilidade da decisão era toda dele.Apesar da insistência de todos os passageiros (eu inclusive) em arriscar, ele decidiu que não iria.Dormi no ônibus com os outros, debaixo de chuva torrencial e com falta de energia elétrica na cidade.Na manhã seguinte, a chuva pior, o motorista tomou outra decisão arrasadora para todos: não continuaria a viagem e nem voltaria para Guaratinga.Tentei alugar o único fusquinha (único veículo do lugar), porém o proprietário recusou-se a colocar seu carro na estrada com chuva.Nem burro, cavalo ou jegue eu consegui.Também não queria passar meu fim de semana em Buranhém, um lugarejo sem nada: só uma praça e pequenas ruas ao redor.E, assim, decidi ir a pé os 17 km restantes para chegar a Sto. Antônio. Contratei um garoto para carregar minha sacola e fomos embora, debaixo de forte chuva e escorregando na lama, durante pouco mais de uma hora e meia. Até que foi um bom tempo. Outros passageiros que saíram quase meia hora antes de nós, porém com malas e caixas nas costas, com mercadorias para vender na feira, foram por nós alcançados com facilidade. Apesar de, nas ladeiras, subirmos a duras penas e descermos patinando.Desse modo, cheguei em frangalhos a Sto. Antônio, todo quebrado, com o corpo dolorido e extenuado. Entretanto feliz em poder passar o sábado e domingo com minha família.Em outra ocasião, na mesma época, voltei para Guaratinga, à noite, com um motorista da prefeitura de Sto. Antônio, num Jipe, acompanhado pelo Guilherme, pelo Luiz (cunhado do Paulo, gerente da agência de Sto. Antônio) e mais um rapaz. Todos eles voltariam no dia seguinte.A viagem, debaixo de chuva, iniciou-se com um meio cavalo de pau que deixou o Jipe com o nariz a alguns centímetros de uma ribanceira. Mais adiante caímos em um mata-burro e atolamos diversas vezes.O Jipe enguiçou, dormimos na estrada e nosso café da manhã foi água de coco que apanhamos em uma fazenda. Saímos de Sto. Antônio às 19 horas de um domingo e fui chegar a Guaratinga somente às 10 horas da manhã. Mesmo assim deixei o Jipe para trás e terminei a viagem com o Adão Pezão, prefeito de Sto. Antônio, que vinha naquele dia, cedo, com seu motorista.Chegando a Guaratinga, pedi para me deixarem bem em frente à porta da pousada, pois não queria que me vissem: todo enlameado dos pés à careca que ficou marrom.O Jipe chegou mais tarde um pouco, por causa dos problemas mecânicos. O pessoal descansou e, depois, já sem chuva e com sol, retornaram a Sto. Antônio.Eu, após aquela noite difícil, sem dormir, ainda tive de enfrentar o trabalho duro do Banco numa segunda-feira.

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