quarta-feira, junho 30, 2010

 

A Bahia no Processo de Construção do Império Português


Universidade do Estado da Bahia – UNEB – Campus X
Teixeira de Freitas, 03/06/2008
História II
Disciplina: História do Brasil na Bahia dos Séculos XVI – XVIII
Professora: Liliane Maria Fernandes Cordeiro Gomes
Aluno: Hermas Braga Dale Caiuby



A Bahia no Processo de Construção do Império Português: resumo dos temas apresentados em seminários durante o primeiro semestre de 2008


“Uma gente sem religião, sem lei e sem rei. Andavam nus e comiam carne humana.” Assim foi a impressão dos europeus em seus primeiros contatos com os indígenas do Brasil.
A guerra é um costume tradicional, faz parte da cultura, da formação e do aprimoramento do caráter do indígena do sexo masculino. As mulheres têm suas atividades voltadas para a agricultura, o cultivo do solo preparado pelos homens, os quais se dedicavam à caça e à pesca.
Um relacionamento inicialmente amistoso, enquanto portugueses, holandeses, franceses, espanhóis e ingleses aqui apareciam para fazer o escambo do pau-brasil, transformou-se em guerra a partir da implantação das Capitanias Hereditárias e da monocultura da cana-de-açúcar.
O declínio no comércio de especiarias com o oriente, devido à concorrência, maior oferta e queda dos preços, fez com que Portugal voltasse seus olhos e atenção para o Brasil, na busca de uma nova fonte de lucros no comércio internacional.
A mão-de-obra necessária para o funcionamento dos engenhos deveria ser trazida para cá ou arregimentada aqui mesmo: escravos.
Os jesuítas, contrários à escravização dos indígenas, os catequizavam em aldeamentos onde eram reunidos nativos de diferentes origens e culturas. A língua falada por todos foi unificada para que houvesse maior facilidade para os ensinamentos. Os aldeamentos eram auto-suficientes, produziam tudo de que precisavam e originaram um campesinato. As construções e o planejamento seguiam padrões europeus, o modo de vida, a produção, tudo dirigido para a aculturação do índio.
A resistência indígena ocasionou um conflito com os aimorés, notáveis guerreiros, que devastaram as capitanias de Porto Seguro e Ilhéus, e ainda fizeram ousadas incursões na capitania da Bahia.
A Santidade, uma seita messiânica idealizada pelos nativos, com base no catolicismo ensinado pelos jesuítas, foi um símbolo da resistência.
Indolentes, preguiçosos, arredios, imprestáveis para o trabalho. Eram algumas das expressões utilizadas.
Quanto à escravidão do negro africano, os jesuítas eram favoráveis e consideravam até como uma possibilidade de salvação da alma pagã pela conversão.
A resistência dos escravos negros foi também de suma importância, notadamente com o surgimento de inúmeros quilombos espalhados pela colônia. Eles possuíam uma estrutura social própria, economia de policultura e estrutura militar com armas de fogo inclusive. Não permaneciam totalmente isolados pois praticavam o comércio nas vizinhanças.
Já após a independência do Brasil, a Revolta dos Malês, em Salvador, foi a mais significativa manifestação de resistência dos escravos negros, com um planejamento e organização impecáveis. Esses escravos eram muçulmanos na maioria, tinham um certo nível de instrução, sabiam ler e escrever. Isso foi um fator de grande vantagem contra colonos analfabetos. A revolta foi sufocada em conseqüência de uma delação.
A monocultura da cana-de-açúcar foi baseada no sistema denominado “plantation”: vastas áreas de terra (latifúndios), mão-de-obra escrava, produto destinado à exportação.
Pelo pacto colonial, tudo deveria seguir para Portugal ou vir de lá, entretanto, embarcações estrangeiras aportavam por aqui freqüentemente, para um comércio oculto de vários produtos.
No século XVI, os principais produtos do Brasil eram: pau-brasil, algodão e açúcar. No século XVII: açúcar, algodão, fumo e pau-brasil. No século XVIII: açúcar, fumo, algodão, madeiras, aguardente, couro e ouro.
O açúcar foi de grande relevância porque era um produto caríssimo na Europa, chamado até de Ouro Branco. Os pesados investimentos para a construção de uma usina de cana-de-açúcar eram feitos através de financiamentos de bancos holandeses. O melaço de cana era levado para a Europa, onde também os holandeses se encarregavam de refiná-lo, transformá-lo em açúcar e distribuí-lo para outros países.
Os holandeses encontravam-se em guerra contra a Espanha quando, em 1580, ocorre a União Ibérica. E todo o comércio deles com Portugal é paralisado por ordem dos espanhóis. Houve, logo depois, uma trégua de doze anos, após a qual a paralisação voltou.
Com seus interesses no Brasil ameaçados, é criada uma sociedade anônima, a Companhia das Índias Ocidentais, com o objetivo de invadir e conquistar terras do Brasil para a continuação de seus negócios com a cana-de-açúcar.
Salvador foi escolhida inicialmente e ocupada pelos holandeses da CIO. Em um ano, uma esquadra luso-espanhola, providenciada com a ajuda de fundos arrecadados entre os comerciantes e senhores de engenho, expulsa-os, com a participação indígena na derrota dos holandeses.
Outros ataques foram sofridos por Salvador, sem resultados satisfatórios. O último, em 1638, foi comandado por João Maurício de Nassau, que conquistara Pernambuco, no Nordeste e Angola, na África, e, dessa maneira, monopolizara o comércio de escravos.
A libertação de Salvador da mão dos holandeses da CIO contou, ainda, com o auxilio financeiro de uma vasta camada da população de cristãos-novos, descendentes dos judeus expulsos da Espanha em 1492 que refugiaram-se em Portugal e, em 1497, foram obrigados a se converter ao cristianismo.
Desde a instalação do tribunal da Inquisição em Portugal, a vida tornou-se insuportável para judeus, cristãos-novos e marranos, mesmo que fossem inocentes e não tivessem mais práticas do judaísmo. Essa situação fez com que eles vissem o Brasil como uma “terra prometida”, onde ocultariam sua real identidade e começariam uma vida nova.
Alcançam aqui um status superior, como mestres de açúcar, senhores de engenho, advogados, dramaturgos e até clérigos. Casam-se, os ricos com filhas de senhores de engenho. Os mais pobres com negros e índias. Participam da miscigenação.
Guardam ainda a essência de sua cultura original e ocupam uma situação particular na sociedade: dela excluído e nela vinculado. É um homem dividido. Para os judeus é cristão. Para os cristãos é judeu. E afirmam: nem judeu, nem cristão, mas “cristão-novo com a graça de Deus”.

Comments:
Essa história tão intrigante que é o encontro do primeiros habitantes dessa terra com os europeus é algo que merece atenção especial. Entender os conflitos que se passaram nessa terra entre brancos e indígenas e depois também com a chegada do negro é muito importante para compreendermos o Brasil de hoje e as permanências daquele tempo ainda aos dias de hoje. O eucalípto no Sul da Bahia é um bom exemplo de perpetuação do plantation, da exploração do europeu no continente americano, etc. Parabéns Hermas pela matéria, é sempre bom ter espaços como este para a socialização do conhecimento.
 
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