quinta-feira, julho 15, 2010

 

A Escrita da História

Universidade do Estado da Bahia – UNEB
Campus X – Teixeira de Freitas – Depto. de Educação
Curso: História V
Disciplina: Introdução à Pesquisa Histórica
Docente: Profa. Kylma Marluza Luz Kramm
Acadêmico: Hermas Braga Dale Caiuby
23/08/2009

A ESCRITA DA HISTÓRIA E SUA COMPLEXIDADE

Cardoso, Ciro Flamarion S. Uma Introdução à História. São Paulo: Brasiliense, 1992.

Cardoso, nesta obra, destaca a polêmica existente já de há muito tempo, da possibilidade ou não de a História ser considerada uma ciência. Ela não pode ser comprovada pela verificação repetida como acontece com a Matemática e a Lógica. No entanto, partindo desse princípio, a Biologia também estaria na mesma posição, visto que a origem das espécies e a evolução não poderão ser examinadas novamente e nem poderão ser feitas previsões de como se transformarão no futuro. Inclusive não podem ser dadas, como na História, explicações do passado, mas sim interpretações. A essa visão de um pensamento chamado de neopositivismo contrapõe-se a perspectiva marxista com o materialismo histórico e a dialética, buscando fatos que se repetem ou não variam.
Mais adiante, o autor cita Marc Bloch com sua definição de História: “ciência dos homens no tempo”. Ao que chama de otimismo de Bloch, mostra a postura oposta de “o mosaico ciência-caos” de Veyne, a “História como arte e prática” de Granger, “ciência que não é bem uma ciência” de Jaeglé e Roubaud e a total negação de Patterson. Com essas definições ele pergunta: por qual decidir? E coloca o pensamento que quer defender afirmando não existir nada radicalmente contrário à possibilidade da História vir a ser uma ciência. Conclui com o ponto de vista de que a História a cada dia aproxima-se mais de ser uma ciência, o método científico ainda encontra-se em elaboração “e que portanto a História é uma ciência em construção”.
Mas o que é ciência? A ciência procura a verdade de uma maneira própria, através do conhecimento objetivo, propondo problemas verificáveis cujos resultados podem ser submetidos a comprovação. Cardoso resume sua definição de ciência como o “conhecimento das leis da natureza e da sociedade”, com determinadas práticas, “dois níveis qualitativamente diferentes” – o teórico e o empírico -, sócio-historicamente está vinculada a um complexo “conjunto material e cultural de cada época da história humana”, “é histórica e portanto falível” não tendo a intenção de obter a verdade incontestável, mas verdade parciais, partindo de conhecimentos menores para os mais abrangentes.
A partir daí, Cardoso traz um retrospecto da evolução da História como disciplina a partir do século XVI, com o humanismo da Renascença e da Reforma, a preocupação com a autenticidade dos documentos utilizados como fontes no século XVII, afirmações, no século XVIII, de Condorcet, que os fatos poderiam ser objeto de conhecimento científico, com “previsibilidade”. No século XIX com o surgimento de grandes escolas como a positivista, historicista e marxista, até chegar à “História-problema” em lugar da “História-narração” e a principal influência para a concepção como ciência vinda do “grupo dos Annales”. Finalizando este capítulo, o autor volta a afirmar seu pensamento considerando a História como ciência em construção e afirmando que, mesmo para as outras ciências, não existem mais “verdades absolutas e eternas”. Trata-se de uma ciência em construção porque ainda não chegou a um método científico condizente com o seu objeto de estudo.
No capítulo seguinte, Cardoso discorre sobre o método científico em História, descrevendo os passos a serem seguidos, levando-se em conta, além dos documentos como fontes, também as ciências auxiliares que são em grande quantidade. Quanto aos documentos cita Marc Bloch quando este afirma que as fontes não falam por si mesmas e devem ser feitas as perguntas adequadas para que elas sejam úteis. Encerra dizendo que a construção teórica sofre com muitas falhas e as dificuldades de que as sociedades são sistemas indefinidos como diz Raymond Boudon.
Depois são abordados os passos da pesquisa histórica em detalhes, no capítulo seguinte, com dados e normas para a produção de um projeto de pesquisa.
Encerra com uma “conclusão geral: para que serve a História?” Comenta a respeito da História como “ciência das transformações das sociedades humanas no tempo e afirma o compromisso que tem o historiador brasileiro com a sociedade, diante de tantas desigualdades e injustiças. Diz Cardoso que a História “nova”, a “História-problema” com sua preocupação com o coletivo e o social, deve ser observada nas pesquisas e no ensino de História em nosso país.

Comments:
Colega:
É uma discussão que sempre existira,o que realmente tenho certeza é que o hoje teve influencia do ontem, portanto a história que esta sendo vivida agora seja ela qual for sempre terá um futuro, em alguns casos com várias interpretações, é ai que entra o historiador procurando ser imparcial, buscando a verdade, difícil, né?
 
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