terça-feira, agosto 10, 2010

 

O Papel da Igreja Católica na América





Universidade do Estado da Bahia – UNEB
Campus X – Teixeira de Freitas – Depto. de Educação
Curso: História IV
Disciplina: América Colonial
Docente: Profa. Kylma Marluza Luz Kramm
Acadêmico: Hermas Braga Dale Caiuby
19/01/2009

O PAPEL DA IGREJA CATÓLICA NA AMÉRICA

A Igreja Católica na América Espanhola Colonial. In Bethell, Leslie (org.). América Latina Colonial, vol I.

No artigo acima referido, o autor relata o que ele chamou de “transplantação” e depois , a “consolidação” da Igreja Católica na América espanhola, com todas as polêmicas e contradições ocorridas durante o passado colonial.
Inicialmente são analisados os acontecimentos daquele período, com a Reconquista da Península Ibérica e expulsão dos muçulmanos, culminando em 1492 na vitória sobre os mouros em Granada, seu último reduto. Nesse mesmo ano Colombo chegava à América pela primeira vez e a força da monarquia espanhola, com os reis católicos Fernando e Isabel, de Aragão e Castela, era incontestável.
O direito divino dos reis integrava a sua inegável soberania absoluta e nisso estava incluído o “patronato sobre a Igreja”, com a transferência de poderes à coroa feita por Roma, em um nível nunca antes visto na Europa. Os cargos eclesiásticos eram de indicação da coroa e as comunicações pontifícias com as Índias eram controladas, ficando a Espanha, também a seu cargo, com todas as despesas de pessoal, clérigos, construções de igrejas e tudo o mais de que necessitassem as obras missionárias, utilizando para esse fim os recursos obtidos com a cobrança do dízimo sobre produtos agropecuários.
A Igreja sujeitava-se aos interesses da monarquia espanhola (inclusive em questões conflituosas a respeito do tratamento aplicado aos indígenas) por diversas razões, algumas delas indicadas pelo autor, como: as influências do Renascimento na política da Europa, os movimentos protestantes da Reforma, falta de recursos para a cristianização das novas terras conquistadas.
A “encomienda” era um sistema de distribuição da mão de obra indígena entre os colonos, apesar de não serem os índios, em teoria, considerados escravos. Este foi um ponto polêmico na colonização, denunciado como ato de crueldade pelo frade Antônio de Montesinos e combatido em defesa dos índios, pelo frade Bartolomé de Las Casas, até o final de sua vida.
Ao contrário de outras opiniões, o autor refere-se ao Concílio de Trento (1545-1563) como de influência fundamental na Igreja das Índias. Fruto disso foram as missões da Companhia de Jesus, fortemente arraigada à hierarquia romana e ao modelo de evangelização determinado pelo Concílio. Resistentes à autoridade da coroa, os jesuítas tiveram um papel de suma importância na área da educação e na formação de consciências.
Do Concílio de Trento veio a forma de organização com uma maior determinação de poder aos bispos. Da conquista militar surgia a formação das dioceses e a conquista espiritual. As dioceses funcionavam com autonomia como centros para a administração e para tratar dos assuntos eclesiásticos. A base de tudo situava-se na paróquia, com sua missão pastoral de transmissão e proteção da fé para os espanhóis. Aos nativos existiam as “doctrinas” com a tarefa de converter e trazer a civilização.
As ordens religiosas exerceram total influência nos trabalhos de evangelização do Novo Mundo, grande parte delas fundadas na América e, em especial, as ordens femininas, estas, porém, somente voltadas à vida monástica e contemplativa.
Dentro do controle da doutrina, a Inquisição foi implantada na América com tribunais para julgar idolatrias, judaísmo, feitiçaria, protestantismo e desvios sexuais, no entanto, sem autoridade sobre os índios. As rebeliões de escravos também foram abarcadas por esses julgamentos.
Conforme relata o autor do artigo, a partir de 1808-1810, no início das guerras de independência, o baixo clero, formado por crioulos (os nascidos na América), não tinha credibilidade da coroa e estavam contrariados com o monopólio dos postos eclesiásticos para os peninsulares. Exerceram eles uma posição influente nas revoluções pela independência.
Finalizando, o autor diz que a autoridade do estado sobre a Igreja sobreviveu, continuando o “patronato” com os governantes das novas repúblicas estabelecidas.
Muito interessante o artigo, trazendo informações não muito conhecidas fora do mundo acadêmico, sobre a preponderante dominação da Igreja Católica pela coroa espanhola durante a colonização da América.

Comments:
Este artigo faz um diálogo perfeito com o filme " a missão", tendo como um dos autores principais Robert Deniro, e mostra realmente uma contradição entre a coroa espanhola, a igreja católica e os Jesuitas que representam a mesma igreja. exlente artigo.
 
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